O tamanho da hemácia é grande ao nascer o animal, mas a contagem de hemácias é menor que no animal mais velho. A idade de um animal pode também influenciar as contagens absolutas e relativas para leucócitos. Em geral, a leucometria absoluta é alta na época do nascimento, e além disso, animais mais jovens podem ter uma leucometria específica que difere daquela normalmente encontrada para o adulto da espécie. Devido a isso, os valores de referência diferem para cada idade, e é muito importante informar a idade do animal ao solicitar um exame.
Cães das raças Akita e Shiba tem valores de referência normais para VCM entre 50 e 60 fl. Já alguns cães da raça poodle podem ter valores de VCM até 80 fl. No caso dos eqüinos, nos animais considerados de “sangue quente” (utilizados para corrida) possuem valores de referência diferentes daqueles considerados de “sangue frio” (animais de trabalho ou tração).
A variação interespécies é significativa, oscilando desde uma predominância de linfócitos no sangue do bovino até a prevalência de neutrófilos segmentados para o sangue do cão. A compreensão dessas discrepâncias é essencial quando se deseja uma interpretação precisa.
O valor dos leucócitos totais de animais emocionalmente perturbados durante a coleta de sangue não é representativo do verdadeiro número de leucócitos daquele indivíduo. Em cães normais sadios, esse número de leucócitos pode chegar até 19.000/uL, e em gatos normais sadios, o número de leucócitos pode chegar até 40.000/uL.
Como a leucocitose fisiológica no gato é tão importante, a interpretação dos resultados será dependente do conhecimento de quanta resistência e excitação foram mantidos durante a coleta do sangue.
O exercício físico também causa alteração no hemograma, principalmente um aumento dramático nos valores da hematimetria, por causa da contração esplênica com liberação de hemácias para a circulação. Por isso, não é indicado para um animal que vai fazer uma coleta de sangue chegar até a clínica caminhando.
Em alguns animais, como a vaca e a cadela, a gravidez pode influenciar o quadro hematológico. Aproximadamente 75% das vacas têm uma contagem leucocitária aumentada nos estágios mais tardios da gravidez; no caso das cadelas, um incremento similar ocorre próximo ao termo da gravidez, inclusive com a presença de anemia (VG até 34 ou 35%).
A fase da digestão aparentemente influencia a leucometria total e a contagem de neutrófilos no cão, aumentando cerca de uma hora após o arraçoamento. No porco essa mudança pode ser dramática, com um aumento de até 5.000 leucócitos/uL dentro de 100 minutos após a alimentação. No cavalo isso tem um efeito mínimo e não exerce influencia nos ruminantes.
Uma dieta adequada é essencial para a produção das hemácias, e deve incluir quantidades corretas de proteínas, minerais (incluindo ferro, cobre e cobalto) e vitaminas, particularmente as do complexo B (B2, B6, B12, ácido fólico, niacina e tiamina). Embora nem todas essas vitaminas sejam necessárias para cada espécie animal, a sua deficiência pode acarretar anemia em uma ou mais espécies.
Animais caquéticos ou debilitados por outras razões deixam por vezes de apresentar resposta leucocitária adequada ao agente infeccioso, pois a medula óssea pode ser afetada pelo estado de deficiência nutricional, ficando a resposta leucocitária diminuída.
A medicina veterinária abrange uma ampla variedade de espécies animais, cada qual com sua particularidade. Observando cada detalhe no momento da coleta da amostra, armazenamento e envio ao laboratório estamos cuidando para que o resultado do exame seja o mais próximo da realidade.
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